O difícil começo da seleção de Parreira em 1994

Nos quase três anos que teve para montar um time a partir da desastrosa atuação na Copa de 1990, Parreira sofreu. Experimentou dois volantes de marcação e declarou que seu trabalho prioritário era ensinar o time a jogar sem bola. O primeiro grande teste foi uma decepção. Perdemos a Copa América de 1993. Logo depois, novas decepções. O empate com o Equador e a derrota para a Bolívia. A cabeça do treinador ficou a prêmio e somente foi salva pelos dois gols de Romario no ultimo jogo das eliminatórias contra o Uruguai no maracanã.

O ritual de passagem da equipe esperança até o Olimpo dos campeões não foi propriamente uma navegação em águas tranqüilas. Com a espinhosa tarefa de fazer a ligação do time aguerrido e burocrático dos volantes Dunga e Mauro Silva com o imprevisível Romário, o técnico chegou aos Estados Unidos para um período preparatório. Parreira teve um mês antes do primeiro jogo contra a Rússia. Para unir a força de Dunga ao talento de Romário, o treinador colocou os dois para serem companheiros no mesmo quarto. A combinação deu certo. Romário, um estranho ser que intercala períodos de alheamento com explosões de genialidade, começou a pedir e receber lançamentos do volante Dunga. A integração do estilo aplicado de marcação com os rasgos de talento de Romário e Bebeto, trouxeram o equilíbrio para o time na estréia.

A jornada do tetra campeonato foi feita por dois caminhos: inferno e paraíso. O time de Parreira, desde do primeiro jogo, especializou-se em provocar o desespero nos corações da torcida brasileira. Na decisão não poderia ser diferente. Depois do jogo, com a conquista de um tetra campeonato, com o coração em frangalhos, a torcida estava com um largo sorriso nos lábios. Zagalo, o verdadeiro tetra campeão, geralmente calmo, viu sua pressão arterial despencar depois da ultima de tantas voltas olimpíadas do time. Mais sereno, Parreira, desabafou: “Durante muito tempo, pediram que o Brasil jogasse de outro jeito. Mas, preferi fazer tudo do meu jeito, e o resultado está aí”. O dramatismo desta histórica campanha chegou ao paroxismo na final contra a Itália. O Brasil venceu nos penaltis. Ganhou de um adversário que dignificou sua conquista.

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