Uma copa sob o signo da grandiosidade – 1982
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Um ano antes, os
espanhóis, já antecipavam: “Será a maior festa do futebol em todos os tempos”.
Raimundo Saporta, um francês de 53 anos, presidente do Comitê Organizador do
Mundial, não achava nenhum exagero. Um grupo formado pelas maiores agências de
turismo e redes hoteleiras espanholas vendeu, com exclusividade, pacotes da Copa
do Mundo, e fazia previsões grandiosas para cerca de 300.000 mil estrangeiros
estariam presentes ao país por causa do futebol. O Governo espanhol via no
mundial um milagroso meio de diminuir o desemprego, salvar inumares empresas da
falência, modernizar os hotéis, asfaltar centenas de quilômetros de estrada
construir escolas por toda a Espanha.
O mundial de 1982, seria também, um grande evento cultural. Nunca se tocou tanta
musica em terras espanholas. Mostras especiais nos incontáveis museus. Atrações
que se multiplicaram nos teatros, nas arenas e nas casas noturnas.
Naturalmente, também haveria muito futebol. Numa pesquisa em 17 países apontavam
o Brasil como favorito absoluto com 51 %. A Itália figurava com um
insignificante 0,4%. Em Maio, um computador italiano antecipava o jogo final da
Copa: Brasil x Espanha. Esse favoritismo reconhecido lá fora, somado ao fato de
Telê Santana ter realmente armado uma boa seleção, contagiou o Brasil inteiro.
Pela primeira vez, desde 1970, o país vivia uma Copa com grande comoção
coletiva. Enquanto o Brasil vivia esse crescente envolvimento, de confiança e
otimismo, outros países entravam na Copa com humores distintos. A guerra das
Malvinas estava em plena atividade, com mortes e destruição invadindo o pequeno
arquipélago no sul do continente. Argentina e Inglaterra participariam da Copa
na Espanha e, separaram as duas coisas, o absurdo da guerra de um lado e a festa
do futebol do outro. A Inglaterra chegou a pensar em boicotar a Copa, mas
preferiu esquecer a guerra e pensar no futebol. Entre exageros, bobagens e
incertezas políticas, a Copa do Mundo começou no dia 13 de junho divididos em
seis grupos de quatro países.
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