Depois da catástrofe a Copa do Mundo de 1962

No dia 21 de maio de 1960, o Chile conhecera a maior catástrofe de sua toda sua história. Um terremoto que começou em Concepción, com um ligeiro abalo, e acabou se estendendo por uma área muito grande. Os vulcões entraram em erupções, lavas foram atiradas a grandes distâncias, nuvens cinzas se elevaram a alturas nunca atingidas, montanhas se abriram ao meio e rios mudaram seus cursos. Em poucas horas, muitas cidades foram atingidas criando sérios problemas para o povo chileno. Calcula-se que mais de dois milhões de pessoas foram atingidas pela morte, doença ou desabrigo. O Chile é uma faixa estreita de terra que fica entre as Andes e o Pacifico. Os chilenos que sempre foram alegres e hospitaleiros, se transformaram, de repente, num povo duramente castigado com suas cidades semidestruídas.

Durante o Congresso que a FIFA realizara em Lisboa, quatro anos antes, ficara decidido que o Chile organizaria a sétima Copa do
Mundo, em 1962. Muitos acreditavam que, depois da catástrofe, com um país em dificuldades financeiras e tendo que reconstruir praticamente tudo, o melhor seria mudar a sede da Copa. Carlos Dittborn, um chileno nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, onde seu pai estivera em missão diplomática, era o presidente do Comitê Organizador do mundial. A ele cabia a resposta. E ele deu um categórico não. O Chile jamais abriria mão do direito de organizar o campeonato. Carlos Dittborn afirmava que, “apesar de estarmos tentando sobreviver a uma tragédia nacional, nosso povo precisa desta Copa do Mundo para esquecer o que vem sofrendo desde de 1960”. Se o Chile tinha pouco ou quase nada pronto para levar adiante o projeto de Dittborn, os chilenos garantiam que, na hora certa, teriam tudo.

Dois anos antes da abertura da Copa, os chilenos começaram a anunciar o mundial em rodapés de jornais, nos marcadores esportivos das principais cidades, andou na boca de um povo apaixonado por futebol e que podia se orgulhar da bravura de suas tradições. E tudo graças a Carlos Dittborn que morreu sem ver o resultado de seus esforços a frente da organização da sétima Copa do Mundo. Os chilenos conseguiram, como por milagre, esquecer durante três semanas, a maior tragédia da sua história para viver as emoções do futebol.

Se inscreveram cinqüenta e sete países para disputar a Copa de 1962. Um novo recorde de participantes. Após as eliminatórias, os dezesseis país finalistas eram os mais legítimos representantes de seus continentes. Mais uma vez lá estava o Brasil para tentar o bi campeonato. Apesar do favoritismo, alguns cronistas europeus faziam restrições a nossa seleção. Chegavam a afirmar que “Ninguém pode contrariar a natureza. O Brasil joga um bom futebol, mas sua seleção está quatro anos mais velha, quatro anos mais cansada, quatro anos mais viciada num sistema que todos conhecem”.

 

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